1 de ago. de 2011

Ejaculação Feminina

No limite do prazer
Algumas mulheres possuem um tipo de orgasmo parecido com a ejaculação do homem. Encharcar a cama após uma relação sexual pode significar que você sente mais prazer do que outras mulheres

Foto: Getty Images


Você reencontrou aquele antigo namorado e teve a melhor noite da sua vida. De repente, quando a relação sexual acaba, a cama está encharcada com um líquido que parece xixi. Você é uma das poucas mulheres que pode ter uma reação parecida com a ejaculação do homem.

Apesar de errôneo, o nome ejaculação feminina refere-se a uma grande quantidade de líquido eliminado pela mulher após uma relação sexual onde houve grande excitação, com orgasmos seguidos.

Não pode ser chamado de ejaculação porque não se trata de um jato como o do homem e muito menos possui a mesma formação. Na mulher, esse líquido é resultado de um tipo de "suor" do útero, quando há uma lubrificação muito grande devido ao prazer ocasionado pelos muitos pontos que existem no corpo feminino.

De acordo com a especialista em sexualidade humana Lúcia Pesca, a primeira pesquisa sobre o assunto surgiu há cerca de 20 anos, quando um australiano filmou e fotografou mulheres eliminando o líquido após a estimulação com objetos parecidos com vibradores. O líquido eliminado foi analisado e descobriu-se que não era xixi. Na secreção, não existe a uréia nem outras substâncias que compõem a urina.

Uma estudante de 21 anos que não quis se identificar afirma que possui a característica e pensava ser bastante comum. "Toda vez que eu tenho uma relação com meu namorado encharco tudo. Teve uma vez em que foi tão forte que empurrei o pênis dele para fora sem querer e ele até riu da situação", diz.

A parcela da população feminina que possui o atributo é muito pequena. Segundo Lúcia, o número de mulheres que possuem um tipo comum de orgasmo em qualquer relação sexual é de 35% a 40%, já as que conseguem chegar lá com a penetração é de 18% a 20%. Levando esses valores em consideração, o número de mulheres que expelem o lubrificante é bem menor, mas os estudos sobre o assunto ainda são muito poucos.

Como acontece?
Foto: umoutroolhar.com.br
Ponto G


Em primeiro lugar é importante lembrar que a mulher é totalmente diferente do homem. Enquanto o órgão genital masculino é totalmente externo e facilmente excitado, o órgão feminino é interno e possui muitos pontos escondidos de prazer.

O famoso ponto G é, na verdade, a esponja uretral, um tecido esponjoso que envolve a uretra (canal de conexão entre a bexiga e o exterior) e que faz parte do sistema clitoriano. Quando as glândulas parauretrais, contidas na esponja, são estimuladas, a mulher passa a sentir grande prazer.

Mesmo assim, não é apenas o corpo G que é responsável pela excitação. Cada mulher possui um corpo diferente e pontos diferentes a serem explorados. Muitas vezes, não é necessário estimular o clitóris, bastam alguns pontos da própria vulva. "Já tive pacientes que apenas com o mamilo bem estimulado através de beijos e mordidas já conseguiam chegar ao orgasmo e à eliminação do líquido", comenta Lúcia Pesca.

Quando acontece a secreção do líquido, o local onde houve a relação fica inundado, pois é grande a quantidade de lubrificante eliminada. Especula-se que o número varia entre 15 e 200 ml, mas ainda não há estudos que confirmem. De qualquer forma, não são todas as mulheres que conseguem chegar a este ponto, para que isso ocorra, é necessário que ela se entregue totalmente à relação e esteja bastante excitada.

A psicóloga Carla Zeglio afirma que quase toda mulher que tem essa experiência, em algum momento, se sentiu constrangida em relação ao parceiro. Nesse caso, é importante deixar claro que não existe nada de errado com o corpo dela.

"A secreção não possui cheiro e não atrapalha, de forma alguma, a relação. É importante que o casal entenda que o corpo da mulher funciona dessa maneira. Não podemos transformar toda resposta fisiológica em algo anormal", completa Carla Zeglio.
Como encontrar o ponto G
Sente na cama com as pernas abertas e encoste em algum apoio. Introduza o dedo médio de uma das mãos na vagina. Coloque o dedo polegar da outra mão no clitóris. Toque as regiões até achar o ponto em que ambos os dedos se conectam e você sinta algum prazer. Você acaba de encontrar o ponto G! (como mostra a figura acima)


Também quero!
Foto: Getty Images


Não há características físicas que definam as pessoas que possuem a peculiaridade, mas sim psicológicas. Lúcia Pesca diz que elas costumam ser pessoas de bem com a própria sexualidade, que pensam em sexo durante o dia e possuem fantasias. Há pesquisas sobre a possibilidade de elas terem uma quantidade maior de testosterona (hormônio masculino) no corpo, mas nada ainda comprovado.

A especialista explica que a informação é muito pouco conhecida para muitos médicos, já que passou a ser melhor analisada há quatro ou cinco anos. No meio de tantas mulheres reclamando por não obterem orgasmo, é estranho chegar uma mulher dizendo que ejacula, segundo a especialista.

A terapia sexual é uma dica para quem quer melhorar seu desempenho. É necessário que a mulher aprenda a ter prazer primeiro sozinha, para depois obtê-lo com o parceiro. É preciso também que ela não tenha medo ou vergonha de dizer o que quer e de que forma o sexo é melhor, para estimular o seu prazer.

O sexólogo e autor do livro Amores Humanos e Traições Divinas Joaquim Motta diz que o orgasmo feminino é um mistério e sofre variações enormes de mulher para mulher. Algumas gostam de massagear o clitóris com muita pressão e pouco movimento, outras preferem movimentos leves.

É importante que haja cumplicidade entre o casal e que o homem também faça sua parte. O sexo masculino costuma focar o prazer no órgão genital, enquanto que a mulher busca a exploração de todo o corpo. Massagens e lambidas são válidas para erotizar a relação.

"Antes o homem focava somente no prazer dele. Hoje, ele compreende que é muito melhor aproveitar junto com a companheira. Uma analogia explica muito bem as diferenças: homem é igual fogão a gás (esquenta e esfria rapidamente) e mulher é como fogão a lenha (demora para esquentar e para esfriar também)", completa o especialista.